Se não fosse tão arrogante, Styvenson teria levado as eleições de 2022 pelo menos para o segundo turno.
Sem pedir votos, sem pedir apoio, sem utilizar dos recursos públicos lícitos para a campanha, e usando seu tempo para passear por shoppings do Nordeste, Styvenson teve uma grande quantidade de votos.
Mas perdeu em primeiro turno e percebeu que, se continuasse assim, talvez perdesse também em 2026.
Ele agora mudou, não há como negar.
Vem montando bases no interior, conversando com prefeitos, articulando alianças.
Ontem, 27, reuniu 95 prefeitos em Natal, num ato que mostrou articulação e força.
E, se a esquerda não tomar cuidado, ele estará ainda mais forte em 2026, justamente porque tomou a iniciativa de conversar com setores de fora da bolha na qual ele estava preso até agora.
Nós da esquerda, de um modo geral, sentimos dificuldade em falar para fora da bolha.
Falamos com eloquência e encontramos eco nos discursos destinados aos movimentos sociais, estudantis, artísticos… Mas cada vez menos conseguimos atingir as massas que não pertencem a tais movimentos.
Há como negar que, em 2018, grande parte da classe trabalhadora apoiou Bolsonaro?
Há como negar que, até mesmo em 2022, boa parte da classe trabalhadora votou em Bolsonaro?
Não vivemos mais no século XIX e no início do século XX, em que pertencer à classe trabalhadora, por si só, causava o desejo de apoiar projetos de esquerda.
O mundo hoje é bem mais complexo, dinâmico, não sendo raro ver a formação de pobres mais direitistas que ricos, enquanto nós, da esquerda, discursamos em círculos para nós mesmos, chovendo no molhado.
Se até um cara como Styvenson está revendo sua comunicação política, porque nós nem sequer discutimos a possibilidade?
Precisamos voltar a atingir as massas, ou, do contrário, políticos como Styvenson (não mais tão arrogante) Valentim a atingirão.