Hoje falo sobre a perseguição como estratégia de comunicação política.
Analiso a eficácia, não a ética.
É comum que políticos persigam adversários.
Em algum momento a conduta vem a público, afetando a imagem do político, por isso a prática deve ser analisada, também, pela comunicação política.
O adjetivo de perseguidor costuma ser ruim.
Apesar disso, a estratégia pode ser eficaz a curto prazo, para vencer uma eleição ou disputar um espaço.
Por outro lado, mesmo que consiga o objetivo de curto prazo, a mancha fica impregnada na imagem do perseguidor. Meu avô me falava dos políticos que eram perseguidores há 40 anos. A história não perdoa.
Sem analisar a ética, a perseguição não é uma estratégia nem ruim nem boa em si: depende da importância que o político dá à sua imagem na história e da força que tem para perseguir no agora.
“E você, Silvério, utilizaria essa estratégia”?
Não, porque o curto prazo é secundário para mim.
Penso que o importante mesmo é o que deixamos para a história da comunidade, o que deixamos na memória e no coração das pessoas.
Olhemos para o exemplo de Dona Nini. Ela disputou 4 eleições majoritárias em São Paulo do Potengi, 3 como candidata a prefeita, 1 como candidata a vice, mas só venceu uma. Como se não bastasse, foi muito perseguida politicamente, tanto no poder como fora dele.
Venceu apenas uma disputa e perdeu três, ainda assim seu legado na história da comunidade e no coração dos potengienses é incontestável. Por quê?
Em grande parte porque não retribuiu às perseguições e seguiu exalando amor, levando nas mãos, até na partida para a eternidade, o cheiro das rosas que entregava.
Que carisma genuíno! Que poder de comunicação que resistirá ao tempo! É isso que me interessa!
Não o agora, não uma eleição específica, não um cargo específico, a ser conquistado pela mesquinhez do apego irracional ao poder. Não!
Diante da perseguição política, em vez de procurar vingança, eu preferiria agir como a personagem do poema “Se voltares”, do imortal Rogaciano Leite:
“Como sândalo humilde que perfuma
—
O ferro do machado que lhe corta,
—
Eu hei de ter minha alma sempre morta
—
Mas não me vingarei de coisa alguma.”