Um dos meus objetivos para 2026 é reduzir a rejeição à esquerda na minha região, o Potengi, a qual, proporcionalmente, foi a pior para Fátima em 2022: ela perdeu em 2 dos 10 municípios da região, enquanto perdeu em apenas 8 dos 167 do RN.
No Potengi não posso utilizar o mesmo estilo de comunicação que utilizo em Natal: são públicos com padrões morais e políticos distintos.
Defendo as mesmas pautas, mas adequando a forma, a fim de fortalecer a criação de um discurso orgânico e possibilitar o combate às narrativas da direita local.
A imagem da esquerda é pesada na região, especialmente a de movimentos sociais, como o MST. Até quem é progressista muitas vezes sente receio de se identificar com o movimento.
Apesar da seriedade do MST, conjunturas como essa não são resolvidas com argumentos sociológicos, políticos ou econômicos, especialmente numa era de preferência por conteúdos pré-digeridos.
Então, utilizo outras estratégias, dentre as quais o reflexo condicionado.
Descoberto há mais de 100 anos por Ivan Pavlov, o reflexo condicionado surge da associação constante de um estímulo principal com um estímulo secundário, até que, em dado momento, obtém-se o efeito do estímulo principal pela mera vivência do estímulo secundário.
De tanto o assistente de Pavlov tocar o sino enquanto dava carne aos cachorros para colher a saliva deles, em dado momento, só com o toque do sino, sem a apresentação da carne, os cachorros salivavam.
De tanto publicar vídeos engraçados e inofensivos (estímulo primário) utilizando o boné do MST (estímulo secundário), quando verem o ícone do MST em outras situações, por meio de uma reação não consciente, as pessoas do Potengi tenderão a ter uma rejeição menor e ele.
Existem muitas outras abordagens efetivas de comunicação política que venho estudando, e, tenham certeza, nenhuma delas utilizamos hoje na esquerda.