Ontem, 29, apesar do cerco da PF à família Bolsonaro, quem dominou a condução de narrativas em Natal foi a bogueiragem de direita.
Na “cobertura” da ocupação de um imóvel abandonado em Petrópolis, a mídia de direita montou uma armadilha narrativa para a pré-candidata Natália Bonavides.
Considerando a pré-disposição conservadora da “massa natalense” e a atuação articulada da estruturada blogueiragem bolsonarista, a mídia de direita vinha conseguindo utilizar a ocupação para criar cortina de fumaça em relação a Bolsonaro, aumentar a rejeição de Natália e constranger a pré-candidata perante sua militância (mais à esquerda), pela ausência, até o momento, de uma defesa enfática da ocupação.
Natália estava encurralada.
Por um lado, para um projeto majoritário viável, não podia ter o mesmo discurso de vereadora ou deputada, cargos para os quais a militância é suficiente à eleição.
Por outro, não poderia deixar de defender as pautas centrais do seu posicionamento político.
Confesso que ontem eu estava chateado por ter sido engolido pela narrativa da direita.
Estava chateado por a esquerda ou ter ficado em silêncio, ou ter fornecido uma resposta politicamente eficaz apenas para a disputa pela Câmara, não pela prefeitura.
Mas, aí, já no fim da noite, Natália comenta a conjuntura.
Faz seu comentário no contexto de uma foto com Dona Silvéria, que ela conheceu em 2022, quando lutou pela prorrogação da Lei Despejo Zero.
A imagem, por si, tem um poder imenso: dor, alegria, luta, sofrimento e, principalmente, amor.
Em 2024, Natália não precisa mudar suas pautas, mas deve mudar o modo como as defende.
Não pode argumentar com categorias jurídicas e sociais, como se estivesse numa plenária de esquerda.
É preciso falar para a alma do povo de Natal, com o amor sincero expressado visceralmente nesta foto.
Categorias sociológicas não furarão as camadas de alienação diária e maliciosa da blogueiragem de direita.
Mas o amor furará!
Porque nem a gigantesca estrutura da mídia de direita do RN pode ser mais forte do que o carisma genuíno do amor.