Passei o último final de semana em São Miguel do Gostoso.
Em um dos dias, fui à praia de Tourinhos e captei uma foto com o boné do MST, publicada no Instagram do blog.
A foto me rendeu uma dupla crítica de um amigo, alegando que: como jornalista, não sou imparcial; como cidadão, sou contraditório, por usar um boné do MST num final de semana em que eu fiquei numa pousada em São Miguel do Gostoso, segundo ele algo inacessível para quem faz parte do movimento.
Apesar de ser uma crítica pessoal, opto por respondê-la também aqui, na medida em que outros leitores podem ter a mesma dúvida, bem como porque considero relevante, na condição de aspirante a comunicador progressista, expressar publicamente o que penso sobre a questão.
Quanto à imparcialidade, não me considero jornalista, mas mero aspirante a comunicador. Não preciso ser imparcial e, mesmo que precisasse, não acredito ser possível.
Todos nós somos influenciados, em maior ou menor grau, pelo nosso horizonte hermenêutico, como diria Gadamer: nosso passado, nosso presente, nossas expectativas de futuro; nossa compreensão política, nossa situação econômica, nossa criação familiar etc.
Quem se diz imparcial não o é, apenas tenta mascarar, inconscientemente ou não, sua parcialidade, o que eu não consigo fazer, especialmente quando se trata de políticas sociais e democracia.
Quanto à suposta incoerência, sou servidor público, classe média baixa, que tem o direito de exercer o seu constitucionalmente garantido descanso semanal remunerado, onde bem entender, desde que licitamente.
Não caio na armadilha segundo a qual quem defende os pobres têm de se desfazer dos seus bens materiais, embora eu admire quem o faça, com Francisco de Assis e Padre Expedito.
Não preciso estar em situação de miserabilidade econômica para defender aqueles que nela infelizmente estão.
Ao contrário, desejo que nem eu nem ninguém tenha de suportar a pobreza, com exceção da de espírito, da qual falava Jesus.
Justamente por isso, quando o assunto for redução das desigualdades sociais, não esperem de mim a imparcialidade.
Nem em São Paulo do Potengi, nem em Natal, nem em São Miguel do Gostoso.