O perfil da Prefeitura de São Gonçalo fez uma publicação no Instagram, anunciando uma atração para uma festa pública, pondo ao fundo uma das músicas do artista, que falava de “rajadão”.
O termo aí não se refere a disparos de arma de fogo, mas a sexo, como a maioria das músicas que fazem sucesso na atualidade. “Rajada”, “sentada”, “metida”, são termos carimbados nas músicas de “swuingueira” e funk do momento.
Embora a música tenha sido retirada logo em seguida pela Prefeitura, foi o suficiente para o Bolsonarista Giovanni “sentenciar” que a gestão de Eraldo fez “apologia à criminalidade!!”
A afirmação é de uma má-fé absurda, justificada apenas pelo ódio que o BG tem pelo prefeito, a quem chama de “ingrato”, por ter retirado os espaços políticos que ele tinha na prefeitura.
Poucas são as coisas que desprezo tanto quanto o moralismo hipócrita da elite, que, sob o pretexto de “defesa da moral pública”, tenta obrigar os pobres a não praticarem condutas que ela própria, a elite, pratica em seus círculos privados.
Um exemplo disso é o gosto musical.
Publicamente, a elite gosta de dizer que só aprecia músicas “de qualidade”, que falam de amor e poesia. Mas, nos círculos privados, a elite, especialmente o seus jovens, “dão o maior valor” às músicas “do grau” e do “proibidão”, com suas letras sobre sexo, ostentação e referências à criminalidade.
Tanto no carnaval dos pobres, quanto no carnaval dos ricos do litoral sul, onde geralmente fica o BG, é só o que vai rolar.
É sob essas letras “absurdas” que os “Enzos” e “Valentinas” da elite natalense vão fazer suas dancinhas para colocar no Instagram.
Mas se o pobre, que só tem condições de ir às festas públicas feitas pela prefeitura, fizer também, “isso é um absurdo!!!”, bradará a elite hipócrita.
Se é verdade que foi inoportuna a utilização da música numa publicação da prefeitura, é verdade também que quem for em Pirangi em janeiro, em algum momento, verá Enzos e Valentinas dançando até o chão ao som de “rajadão”, sob a conveniente vista grossa e moralista da elite.