Quem me acompanha aqui sabe que não passo pano para golpista. Eles me odeiam. Eu os desprezo. Mas vou falar o que algumas pessoas da esquerda tão querendo falar, mas tem um certo receio de serem “canceladas”: pedir intervenção ao judiciário por tudo é prejudicial à democracia.
Romeu Zema deu uma opinião infeliz, de que o Governo Lula poderia ter feito vista grossa para os golpistas e que depois teria se feito de vítima. E disse que as investigações talvez provassem isso.
Declaração infeliz, inverídica, mas uma opinião, válida dentro do jogo democrático. Não é crime, nem contra Lula, nem contra a democracia. Faz parte das críticas inerentes à oposição.
Zema também fez críticas em relação à suposta aplicação de medidas idênticas a terroristas vândalos e golpistas pacatos. O que é razoável também, convenhamos. As medidas cautelares penais devem ser individualizadas, é isso, inclusive, que a esquerda sempre pregou contra a punição excessiva do Estado!
Aí o companheiro Reginaldo Lopes, líder do PT na Câmara, em vez de mostrar o porquê Zema estava errado quanto à alegação de vista grossa, em vez de “jantá-lo” no debate político, recorre ao STJ para que Zema preste informações por uma opinião. Uma opinião!
Ele não apoiou golpistas. Não disse que as eleições foram fraudadas. Ele não defendeu intervenção militar. Ele deu uma opinião, infeliz, mas que não atenta contra o Estado Democrático.
Tenho receio de ver companheiros de esquerda que tanto criticaram uma judicialização da política, que tanto criticaram a inquisição de Sérgio Moro, fazendo vista grossa para esse “vigiar e punir” a opinião discordante.
SEMPRE defendi a democracia e detonei os golpistas. SEMPRE fui defensor das garantias individuais e contrário à politização do processo penal. SEMPRE fui um garantista penal.
Contra a direita golpista, os rigores da lei. Contra a direita democrática, a política, a vitória no debate, a vitória no voto.
Quanto mais a esquerda recorrer ao Judiciário por questões de mera opinião, mais vai estar dando poder político a quem não passou pelo crivo do povo, a quem depois pode jogá-la na fogueira, como a Igreja Católica fez com Savonarola após limpar Florença.