Por Angelo Girotto

Se a esperança é a última que morre, Henrique Alves demonstrou em 2022 que é mais que filho de Aluísio Alves, é seu mais legítimo herdeiro, o dono do mote da esperança.

Henrique Alves foi deputado federal por 11 mandatos consecutivos, presidente da Câmara dos Deputados de 2013 a 2015, chegando a assumir interinamente a Presidência da República, e ministro de Estado. Em 2017 foi teve prisão preventiva cumprida pela Polícia Federal. Só saiu do cárcere no ano seguinte.

Dado como morto, primeiro Henrique reconquistou a liberdade e os direitos políticos. Depois o protagonismo. É figura central nas articulações políticas do Rio Grande do Norte; vê-se suas jogadas por todo o tabuleiro.

Do ostracismo ao protagonismo foram poucos meses. Hoje há em diversos setores um verdadeiro anseio por sua provável candidatura a deputado federal.

Sujeito solícito, Henrique vem atuando com discrição mas não com pouca força. E foi assim que dobrou, retorceu e reformou os planos de Garibaldi e seu filho, que tomando a direção do MDB potiguar procuraram por todos os meios excluir Henrique definitivamente da vida política. Hoje, pai e filho estão nas mãos de Henrique.

Walter Alves não se viabilizou candidato a vice na chapa da governadora Fátima (cuja competência política aliada a um mandato que reconstruiu um Estado destroçado a colocam como o nome que ninguém quer enfrentar nas próximas eleições). Waltinho ainda teve que engolir seu primo Carlos Eduardo como nome para o Senado na chapa da governadora e amargar a triste posição de nome especulado para vice numa chapa de oposição que – ainda que não passasse de um devaneio bolsonarista – não teria mínimas chances de derrotar Fátima. Pra piorar, a aproximação entre Carlos Eduardo e Henrique foi decisiva para o desfecho.

Hoje, recuando a uma candidatura para deputado estadual, Waltinho sequer tem assegurada sua eleição e, pior, amarga a expectativa de ver seu pai, Garibaldi, derrotado para a Câmara dos Deputados justamente por Henrique. A chapa emedebista deve eleger apenas um federal. E esse federal seria Henrique se Henrique fosse candidato pelo MDB.

Procurando contornar a derrota à vista, Garibaldi e seu filho tentam negar a legenda para Henrique. Mas a jogada, além de macular a história do MDB potiguar, pode ter efeitos inesperados: sem Henrique, o MDB pode não alcançar o mínimo de 80% do quociente eleitoral necessários para disputar até mesmo as sobras (hoje calcula-se que serão necessários mais de 174 mil votos para disputar uma sobra de federal nos partidos que não atingirem o quociente, estimado em 218 mil votos).

Diante da situação posta, Henrique deve procurar até o fim deste mês um nova legenda para voltar à Câmara dos Deputados em 2023. E essa legenda deve ser o PSB. Isso porque Lula (que lidera todas as pesquisas e será o maior cabo eleitoral destas eleições, sobretudo no Nordeste) quer Henrique consigo; já disse isso pra todo mundo ouvir. E o PSB é partido do vice de Lula. Para o PSB o acordo é ótimo, com Henrique a chapa de Rafael Mota que já é forte pode sonhar até mesmo com 3 deputados federais, disputando uma sobra.

No MDB, Henrique engole Garibaldi. Fora dele, caso forçado, decreta a permanência de Garibaldi no ostracismo. Henrique não deseja sair do partido de toda sua vida, mas se vê forçado a isso. Se pai e filho conseguirem empurrar Henrique para fora do MDB, o partido perde a aura histórica do legado de Aluísio e o verde passa a colorir fileiras para além do MDB potiguar.

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