Há corpos que, por tão somente, são verdadeiros atos políticos. Desafiam tudo que está posto. Que por permanecerem em resistência, move estruturas. Hoje quero falar do corpo político de uma mulher preta, de periferia, mãe de quatro filhos: Gabi, Maria Rita, que é uma “estrelinha”, José e o pequenino Mateus, que tem um cromossomo a mais de amor, tem Síndrome de Down. Vale salientar que, a Síndrome de Down é uma alteração genética causada por uma divisão celular atípica. Ou seja, em vez de possuir dois cromossomos no par 21 (o menor cromossomo humano), possui três. Fazendo com que pessoas com Down, por trazerem essa alteração genética, necessitem de alguns cuidados especiais, porém são capazes de viver socialmente como todas as outras. Veja bem, estou falando de um corpo que acorda todos as manhãs tendo que ser um pouco mais forte, diante de tudo que lhe cerca. Estou falando da Vereadora do Município de Natal e Pré-Candidata a Deputada Estadual pelo Partido dos Trabalhadores – PT, Divaneide Basílio.

Tenho acompanhado Divaneide tem algum tempo, porém, recentemente, tenho feito de maneira mais próxima. Confesso de antemão que fico impressionada como o pequeno corpo consegue ocupar todo o espaço, o quanto agiganta-se quando defende seus ideais. Quando em meio a olhares tortos, permanece firme. É incrível pensar que ela é a primeira vereadora negra da capital potiguar, e isso em 2019, sendo que a Câmara Municipal de Natal foi fundada ainda no período colonial, em 1611. Perceba, cara leitora, caro leitor, foram 408 anos para que uma mulher negra pudesse ocupar o cargo. Conseguem notar o porquê dos famigerados olhares tortos? Mesmo sendo a mulher mais votada e segundo lugar geral nas eleições de 2020, com 5.966 votos, ela ainda não é vista como uma igual por seus pares. Estamos vendo o retrato da sociedade racista, machista e misógina que vivemos.

À vista disso, ter Divaneide Basílio ocupando esses espaços de poder público, por meio de seu corpo político, corpo este que, representa milhares de corpos na mesma condição de mulher negra. Que segundo o levantamento feito pelo do Monitor da Violência com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a cada 5 mulheres mortas por feminicídio 3 são negras. É dizer não ao racismo! É dizer não ao machismo e a misoginia! É garantir que mulheres como nós, pois também sou uma mulher negra, possam ser vistas e respeitadas. É garantir que essas mulheres tenham direito ao sonho. É garantir políticas públicas que as defendam e as assegurem. É garantir o direito à vida.

Portanto, precisamos ser agentes ativos nessa construção, precisamos entender o quanto mulheres como Divaneide são necessárias. Que travam batalhas diárias na perspectiva de um mundo melhor. Que permanecem de pé mesmo diante dos “nãos”. Que para além de seus corpos políticos, têm almas extremamente humanas e generosas. Que defendem dignamente o bem-estar comum. Que plantam as sementes da esperança e dos sonhos. É isso, minha gente! Por mais Divas no mundo. Ah! Na próxima partilha falarei, também, de outro corpo político que representa toda a resistência e a mudança que precisamos para nossa sociedade. Se cuide! Até breve!

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