Uma nota emitida por membros do Governo do Estado acusa representantes do Sindicato dos Servidores Públicos do RN de “ação violenta”, e diz que “uma assessora do gabinete teve uma de suas mãos pressionada contra a porta, lhe ocasionando lesão.” E ainda faz ameças de judicializar o caso.

O vídeo mostra Janeayre Souto querendo entrar na secretaria e sendo impedida. Ela empurra a porta, tentando abri-la. Segundo a própria nota do Governo, foi neste momento em que uma servidora da Secretaria teria sido agredida por um assessor do sindicato e se machucado ao ter “uma de suas mãos pressionada contra a porta, lhe ocasionando lesão”.

Fato: Janeayre e seu assessor empurravam a porta para tentar abri-la. Portanto, não foram eles que pressionaram a mão da servidora contra a porta. Pelo contrário, a lesão foi causada por aqueles que, de dentro da Secretaria, tentavam fechar a porta.

No vídeo, é possível ouvir o funcionário sindical acusado de agressão pedindo que a servidora tire a mão da porta, no que claramente seus esforços por abrir a porta ajudariam.

Transcrevemos o diálogo do momento em que o Governo alega que os sindicalistas agrediram a servidora. Vejam que o funcionário do sindicato, Tárcio Fontenelle, pede que ela tire o braço que está sendo pressionado contra a porta:

Janeayre: Vai quebrar meu braço, viu. Quebre meu braço!

Subcoordenadora da SEAD: Calma, calma… Só um momento.

Tárcio: Tire seu braço, tire seu braço. Por favor.

Janeayre: Quebre meu braço. Quebre meu braço, George.

Tárcio: Vai quebrar o braço da gente, George. Vai, George? A senhora não é pra fazer isso, não. Ninguém é pra fazer isso, não. Você é vigilante, vai vigiar o patrimônio. Não é pra tá pegando em arma, não. Você vai vigiar o patrimônio.

O áudio esclarece muita coisa que ficou mal contada.

Outro fato grave é que usaram o portal “RN Fato ou Fake?” para reproduzir a narrativa duvidosa de membros do Governo.

A narrativa oficial contém diversas contradições. A principal delas é tentar criminalizar os movimentos sociais e seus militantes, e usar a estrutura do Governo para intimidá-los.

É adequado o uso de um canal oficial destinado a desmentir fakenews para objetivos políticos, promovendo uma narrativa duvidosa que ainda não foi devidamente “verificada”?

Só mais uma pergunta: por que antes de usar um canal de combate às fakes para proselitismo político os responsáveis não mostraram os vídeos das câmeras internas da Secretaria?

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