Por José Ibiapina

No jornalismo, um mesmo fato pode ser abordado de diversas formas, todas elas razoáveis. Mas as opções se reduzem quando a notícia versa sobre estatística.

A estatística é intransigente, objetiva, de pouca interpretação. Ela não está a favor de ninguém, apenas de si mesma e, por isso mesmo, é difícil instrumentalizá-la.

No caso do Rio Grande do Norte, conforme mostrado pela pesquisa Agora Sei de ontem (18), na estimulada, Fátima Bezerra tem 36%, Styvenson, 15,2%, em segundo, e Fábio Dantas, pré-candidato oficial da oposição liderada por Rogério Marinho, 11,3%, em terceiro.

Não há o que falar. Não há o que discutir. Estatisticamente, os fatos são claros: se a eleição fosse hoje, Fátima venceria no primeiro turno e o pré-candidato da oposição liderada por Rogério Marinho estaria atrás de Styvenson, que nem pré-candidato é. O projeto da oposição não emplaca e a blogueiragem bolonarista sabe, mas não quer que o povo saiba.

O jornalista Bruno Giovanni, o BG, expoente da blogueiragem bolsonarista, publicou no Instagram do seu blog 6 postagens sobre a pesquisa, sendo que NENHUMA DELAS trazia a principal informação do levantamento: a possível vitória de Fátima no primeiro turno.

Mas não parou por aí. Não bastava a omissão eloquente. Era preciso tentar instrumentalizar, de maneira escandalosamente parcial, os dados.

Com esse espírito, o blogueiro lançou a manchete “Rogério Marinho lidera mais uma pesquisa espontânea”, para no texto informar que a liderança era exercida com “incríveis” 5 (CINCO) pontos percentuais, enquanto os Brancos/Nulos/Nenhum/Não respondeu somaram (estes, sim, incríveis) 86,1%. Risível.

Na estimulada, levantamento realmente importante, Rogério encontra-se estagnado atrás de Carlos Eduardo e já tendo no seu encalço Rafael Motta.

Porém a tentativa mais desesperada instrmentalização se deu com a manchete “Fábio Dantas se destaca em mais uma pesquisa”. Não não mentindo. Ele chegou a esse ponto. Tá no print ao lado.

Qualquer um com bom-senso, bolsonarista inclusive, não pode considerar como destaque uma pré-candidatura que tem apoio de deputados estaduais, muitos prefeitos, ex-ministros, mas não consegue nem ter mais intenções de votos que Styvenson, o político anti-político, que nem pré-candidato é.

É caso de aparente desespero ao perceber que o “destaque” da pesquisa é justamente o fato de que Fábio Dantas, ex-comunista e agora bolsonarista, não se destaca, ou, como diria a geração Z, NÃO ENGAJA.

Daqui, um conselho de um colega: de nada adianta o desespero ou a tentativa de instrumentalizar a matemática. A danada é intransigente. E soberana.

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