Por @silverioalvesfilho

Uma das grandes tentações dos líderes políticos é deixar-se envaidecer pelo poder.

O poder inebria, especialmente aqueles que, por questão de personalidade, são mais suscetíveis à influência das paixões humanas. Bolsonaro é um desses sujeitos.

Chegando ao poder, quebrou liturgias, posturas tradicionais de um chefe de estado, tomando para si o direito de fazer um novo conceito de presidente, à sua imagem e semelhança.

Quis montar uma estrutura teocrática, como se Messias político fosse, subvertendo o significado que leva seu segundo nome.
Montou um “império ideológico”, à imagem e semelhança dos seus (des)valores, designando-o de Bolsonarismo.

Mas todos os impérios caem, distinguindo-se apenas o tempo necessário à queda. As paixões e ideologias dos líderes, submetidas ao tempo, a ele não resistem.

O “império ideológico” do Bolsonarismo pode começar sua efetiva derrocada no próximo domingo, assim como o “ídolo” a partir do qual foi forjado.

Talvez, a partir de domingo, a ideologia do ídolo comece a se aproximar das ruínas do império do faraó Ramsés II, pelos gregos chamado Ozymandias, conforme narrado por Shelley em seu famoso soneto:

“E no pedestal aparecem estas palavras:
‘Meu nome é Ozymandias, rei dos reis:
Contemplai as minhas obras, ó poderosos e desesperai-vos!’
Nada mais resta: em redor a decadência
Daquele destroço colossal, sem limite e vazio
As areias solitárias e planas se espalham para longe”.

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