O Debate Potiguar, auxiliado por uma equipe de analistas, realizou uma série de estudos sobre os dados de três pesquisas do Instituto Sensatus para o Senado. A série cobre os meses de agosto e dezembro de 2021 e fevereiro de 2022. A conclusão foi a mesma que temos publicado aqui no último mês: o melhor nome para enfrentar o candidato de Bolsonaro, Rogério Marinho, é o do petista Jean Paul.
Cruzamos os dados da pesquisa espontânea, aquela em que o eleitor declara o nome de sua preferência sem uma lista de possíveis candidatos. Esse método tem a vantagem de evidenciar quais são os nomes mais lembrados, aqueles possuem maior capilaridade no eleitorado. Notem, por exemplo, que nos gráficos aparece com boa citação a senadora Zenaide Maia, que estando no meio do mandato não concorrerá neste ano.
Em agosto de 2021 o líder na espontânea era Jean Paul, com 2,24%. A seguir vinham Fábio Farias e Zenaide Maia. Empatados em 4º lugar é que apareciam os atuais líderes nas pesquisas, Carlos Eduardo e Rogério. O que pode ter gerado a reviravolta?
Em agosto, quando Jean liderava as intenções de voto, ainda não havia se estabelecido a aliança entre Fátima Bezerra e Carlos Eduardo, o ex-prefeito de Natal patinava sem sair do canto. A partir das especulações em torno de seu nome e da confirmação de sua candidatura pela chapa governista, já em 2022, Carlos Eduardo passa a crescer. Mas o mesmo não acontece com Fátima, que estagna nas intenções de voto e cresce em rejeição.
Entre agosto e dezembro de 2022, Fátima cresceu 17,48% para 27,35%, embalada pelos resultados positivos de sua gestão, sobretudo na recuperação financeira do Estado, e pelo anúncio do projeto para a construção dos IERNs.
Já de dezembro a fevereiro deste ano, a governadora caiu para 21,13% nas intenções de votos. O período corresponde àquele em que Carlos Eduardo cresce, tendo seu nome associado a Fátima.
A rejeição a Fátima também cresceu nesse período. Em dezembro, 43% não votariam num candidato apoiado por ela. Em fevereiro eram 54%. A rejeição pessoal da governadora, daqueles que declararam não votar nela de jeito nenhum, foi de menos de 16% em agosto para 12% em dezembro; e saltou para 18% em fevereiro. Todos esses dados batem com os períodos mais acentuados da controvérsia pública em torno da aliança Fátima/Calos Eduardo.
Até fevereiro, quando já estava praticamente descartado como candidato pelo PT, Jean superou Carlos Eduardo nas pesquisas, como pode ser visto nos gráficos. Em dezembro, antes da confirmação da aliança Fátima/Carlos Alves, Jean chegou a ter praticamente o dobro das intenções de voto de Carlos.
Outro dado que mostra que Carlos Eduardo não agrega votos a Fátima é o da correlação entre aqueles que votam nele para o Senado e aqueles que votam em Fátima para o Governo. Apenas 32% dos eleitores de Carlos Eduardo votam em Fátima Bezerra, segundo os dados de fevereiro. Este número é ainda inferior ao de agosto de 2022, quando 36% dos eleitores de Carlos Eduardo votavam em Fátima. Já dos eleitores de Jean, 78% votavam em Fátima, isso enquanto o senador estava à frente de Carlos Eduardo.
Os que os dados revelam é que o único beneficiado com a aliança entre PT e Carlos Eduardo foi o ex-prefeito, que cresceu às custas do eleitorado petista sem transferir um único voto, ao contrário, à medida em que Carlos Eduardo cresce diminui dentre seus eleitores a fração daqueles que votal na professora Fátima Bezerra.
Acompanhe nossa série de análises que seguirá sendo publicada até as eleição aqui no Debate Potiguar, o blog político que mais cresce no RN.