Por Silvério Alves Filho

Na madrugada de hoje, 24, estive com meu pai Silvério Alves no Hospital Regional de São Paulo do Potengi. Meu pai apresentava dor suspeita nas costas, em razão do histórico de pressão alta.

Chegamos às 01h05m. Segundo informado por funcionários, havia dois médicos de plantão. Não havia ninguém para ser atendido na nossa frente. Apenas uma senhora para análise rápida antes de ser liberada. O atendimento, em tese, seria rápido.

Contudo, passava-se o tempo, e o atendimento não chegava. Em razão da influência fisiológica que a ansiedade pode causar, enquanto passava o tempo, aumentava a ansiedade, que aumentava a dor, que aumentava a ansiedade, que aumentava a dor novamente…

Enquanto esperávamos no local, chegou o vereador Getúlio, acompanhando uma paciente. Prestou sua solidariedade e nos relatou que tem recebido reclamações similares de potengienses.

Uma hora e meia depois de chegarmos ao hospital, sem que houvesse nenhum paciente na frente, fomos atendidos. Bem atendidos pelo médico, a bem da verdade, que passou um eletrocardiograma, medicação via intramuscular e, após a realização do eletro, nos encaminhou para o cardiologista, para o qual meu pai já foi hoje pela manhã, em Natal.

Apesar do bom atendimento, não podemos desconsiderar o fato de que foi necessária uma hora e meia para ocorrer, sem que houvesse nenhum paciente na frente (com exceção de uma criança, que chegou depois, mas para a qual “demos a vez”, porque chorava de dor).

No Direito, dizemos que Justiça tardia não é Justiça. Do mesmo modo, o atendimento tardio, ainda que bem prestado, pode não ser efetivo, pelo tempo que demorou para ocorrer. O tempo, na saúde, é crucial, não só pelo risco à vida, mas pela dignidade do usuário do SUS. A demora sem motivo razoável que a justifique pode ensejar dano moral no doente que espera.

No caso do meu pai, não houve maiores prejuízos. Mas em outros, pode haver. E isso, aliado ao relato do vereador Getúlio de que já recebeu reclamações similares, motivou esse texto de crítica construtiva e respeitosa.

Sabemos da rotina extenuante dos profissionais da saúde. Sabemos que não é fácil. Por isso mesmo devem ser tomadas medidas que garantam, a um só tempo, os direitos dos trabalhadores de saúde e a prestação rápida e efetiva do atendimento médico ao usuário do SUS.

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