Um dos grandes assuntos nos debates entre eleitores de Lula e Bolsonaro é a questão da participação popular nas ruas e a sua relação com as intenções de votos nas pesquisas.

Os bolsonaristas mais radicais sustentam que as pesquisas são forjadas, à medida que Lula não realiza “motociatas”, não leva multidões às ruas como na década de 90. Bolsonaro, por outro lado, realiza todas essas manifestações, menores no nordeste, mas até grandes em outras partes do país. “O povo está com Bolsonaro”, afirmam.

De fato, nos últimos tempos a militância mais ativa do Bolsonarismo tem tido certo destaque na ruas e nas redes sociais, mas isso é um dado a ser utilizado na análise de engajamento de militância, não na quantidade de votos.

A maioria dos eleitores brasileiros, historicamente, não são militantes. Lula, na década de 90, levava multidões às ruas, mas perdeu duas eleições no primeiro turno.

Hoje, a grande maioria dos eleitores de Lula, estatisticamente representados nas pesquisa, votam nele não em razão de uma devoção pessoal, nem porque são coniventes com eventuais casos de corrupção em seu governo. Em verdade, votam nele porque lembram, com felicidade, de um carro que adquiriram, de uma casa própria que compraram, da comida que era vendida nos supermercados a um preço razoável.

Quem não consegue mais fazer a feira como fazia há alguns anos, quem teve que vender a moto por não ter dinheiro para a gasolina, quem abdicou do gás e voltou ao fogão à lenha, não tem tempo, nem dinheiro para uma motociata.

Fica em casa, lembrando de uma conjuntura econômica favorável que não existe mais. E com isso decide o voto, que vale tanto quanto o voto de um bolsonarista que anda 400 km para ver o ídolo.

Eis o trunfo de Lula.

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